Depois do almoço peguei no sono.
Quando acordeia Lídia veio correndo avisar:
- Só para te avisar que o Flamengo está ganhando de DOIS a ZERO!! RÁ RÁ( é com esse RÁ RÁ que Lídia me maltrata)
- Hum. ( fula da vida) É porque eu estava dormindo, agora o Botafogo vira o jogo.
Em menos de cinco minutos a previsão havia se concretizado e eu já me sentia uma maga ao ponto de influenciar na final do campeonato. Me senti mais feliz e leve, então realmente eu tinha os tais poderes eu eu desconfiava ter.
Não adiantou muito porque na disputa de pênalti o Juninho me erra uma bola, entrega a bola na mão do goleiro. E foi só eu elogar, bastou comentar para Lídia:
- Além de ser capitão, bom jogador é bonito!
E pronto, depois do que disse nada de gol. Eu fiquei brava com a Lídia.
Não serviu pra nada aquela beleza toda do Juninho. Eu ainda acho que foi meu comentário que fez Juninho erra o gol.

Hoje eu estava pensando o seguinte:
SE eu fosse dos tempos das cavernas, sabe? Quando as pessoas se comunicavam por meio de sons estranhos que não identificamos, bom, se eu fosse uma primata que nascesse só para procriar e ajudar na sobrevivência dos grupos nas cavernas, como eu seria? Pergunta idiota, mas é que o processo de criação das palvras, da linguagem, fez com que críassemos os sentimentos? Por exemplo, eu poderia amar um primata, mesmo não sabendo expressar I LOVE YOU, ou MEU AMOR, ESTOU AQUI TE ESPERANDO NÃO MORRA SENDO ATACADO POR UM LEÃO, TA?, eu agiria sobre intuição desse amor, ele sacaria pelas minhas feições, gestos e tal, eu só não saberia DIZER porque as palavras não existiam ainda. Está fácil de entender? Hoje existe um leque infinito de palavras para identificando nossos sentimentos, e antes, antes eu não sofreria tanto porque eu podia até ficar lá andando na caverna de um lado para o outro, pensando em forma de combinação de vogais, mas eu não pensava em forma de palavras, então como eu sabia o que pensava??
Eu devia ser uma primata bem mais maluca do que sou hoje!