Como alguem faz a seguinte decisão: fuças em bocas alheias para sempre? Ainda bem que os dentistas existem, mas como alguém pode adorar cuidar de caries e dentes problemáticos.
E lá fui eu. Mais uma vez ao encontro da Doutora Juliana, ela é bem magrinha, olhos azuis e possui sardas no seu rosto, parecia uma menina angelical me recepcionando em um parquinho para crianças. Quando fui entrando no espaço da Doutora Juliana vi que o negócio era mais sério do que eu imaginava. Aqueles aparelhos gigantes e monstruosos enfeitavam o consultório e os olhos azuis, as sardinhas, o cabelo louro, tudo um disfarce.
Depois de quatro extrações aos 11 anos para colocar o aparelho, eu fiquei completamente traumatizada. Meu dentista toda hora aplicava a injeção com anestesia, o motivo era assustador: meu dente tinha a raíz tão grande que não queria sair nem por reza.
Eu segurava com força o braço da cadeira e o dentista cada vez mais violento ia entortando meu naquela altura já mole dente mole com aquela chave de fenda gigante. Quando ele finalmente arrancou e me mostrou eu fiquei perplexa com o dente que morava na minha gengiva. Lembro que depois da extração tive que ia ao colégio só para fazer a prova de recuperação, minha boca não parava de sangrar e eu fiz a prova segurando um guardanapo.
Depois de alguns anos, superado o trauma, arranquei o siso. Tive uma trequinho e minha mãe teve que ir me buscar correndo, já que eu não tinha condição de ficar em pé. Era nervosismo mesmo.
Hoje mais uma vez foi embora um dente, agora com outra Doutora. Nem sei porque estou falando tudo isso. O negócio é que hoje resolvi adotar um sitema dentro do consultório:
deve-se fechar os olhos, não abrir por nada;
por mais que a dentista esteja com uma chave de fenda na sua boca e a assitente dela esteja puxando sua bochecha com uma cano de metal deve-se permanecer de olhos fechados e que esse momentinho não é nada perto do que muita gente passa ou já passou nessa vida;
imaginar um anjo da guarda segurando sua mão: funciona.
imaginar várias coisas, várias, imaginei até meu amigo imaginário, o cavalinho Henrique;
Deu certo, depois que eu vi a quantidade de sangue na mão da Doutora Juliana, eu nem tinha percebido sangue saindo.
Agora é ficar alguns dias sem falar, tomando sorvete e não abaixando a cabeça em direção ao chão ( quando é que fiz isso alguma vez na minha vida?? Mas é recomendação é da Doutora)