Uma primeira notícia a respeito do meu livro. Quando eu vi um e-mail da Professora Rosana eu nem abri, meu coração pulou. E se meu livro for uma M.? Deixei o e-mail lá, fui dar uma volta na sala. Que droga, eu não tinha ninguém para ler antes de mim.
Eu sei que a Professora é exigente e franca. Adiei. Andei,sentei, levantei. Depois de meia hora eu ainda estava nervosa e curiosa. Ora, mas que bobagem Camila, vá lá, se for uma M., é porque é uma M. e pronto.
Abri. Não vou colar aqui porque fica indelicado. Mas posso colocar parte dele:

Querida Camila, terminei de ler o seu No mundo da Lua! Parabéns! Sua escrita está cada vez mais segura e firme. A história tem ritmo, pulsação, contagia desde a primeira até a última página...

Na verdade não disse nada além a respeito do livro. Ela disse para conversarmos semana que vem, pessoalmente. Bom, está certo que se ela não gostasse, ela não precisava falar que o livrocontagia desde a primeira até a última página. Poderia dizer, sei lá, um livro agradável e pronto.
Eu só tenho a agradecer toda a paciência dela, primeiro de ler as 120 páginas de um livro, em meio a tantos livros que ela tem que ler, e depois de tanta bola fora que dei com ela. Vocês não imaginam,,,, uma vez, uma das vezes, deixei um projeto de´pesquisa dela com documentos e informações pessoais numa banca de jornal. Foi um desespero. O problema que o cara da banca ligou para o Departamento de Letras da PUC, que constava no papel do projeto. Foi um Deus nos acuda, eu claro, daquele jeito. Aliás que jeito, com essa situação? Sempre deixando as coisas espalhadas pelo mundo. ( ah, meu celular foi achado de novo). Mas como li outro dia, que não sou estabanada, sou apenas uma pessoa que transborda.


Minha vida não está muito emocionante. Está diferente. Minha avó ainda se recupera e estou evitando sair. Sem saídas, sem festas, sem conversas, sem muita coisa pra contar.
Hoje a tarde foi mágica. Coloquei Bolero de Maurie Ravel. Música clássica, yeahh darling! É impressionante o efeito que essas músicas fazem em mim.
Primeiro fecho os olhos e vejo sempre a mesma cena: Um relógio no alto de um prédio. Depois a cena muda para algém que sobe uma escadaria correndo. Mas só vejo os sapatos e uma pequena parte do vestido cumprido de cor amarela. Parece uma escadaria de um desses teatros antigos.
Depois fico querendo ver mais, mas a cena se repete: relógio, depois os sapatos.
E nesse momento choro, choro, mas não é de tristeza. É porque fechar os olhos e ouvir música clássica te leva para uma viagem sem dimensões de tempo e espaço. Os sentidos se multiplicam. E por isso, sempre me emociono.
Então, enquanto entrava um vento fresco pela janela da sala, eu estava deitada no sofá, ouvindo Ravel, andando por um tempo que não existe. Minha avó ao lado tricotando um cachecol para mim. Lídia, a enfermeira debruçada na janela comentava a paisagem: uma flor vermelha e uma mulher que passava de bicicleta com um bebê nas costas.
(Num daqueles negócios, "sacos" ou cadeirinhas, não sei o nome, que os pais colocam nas costas.)

Mas ainda estou encucada, e se meu livro for uma M.?
Ah, e recomendo Adagio Cantabile da Sonata Nº8, em Dó Menor, Opus 13, Patética, do Beethoven.

Queridas, temos que ser versáteis, meio camaleoas, senão que graça tem?