Aí acontece algo muito inovador . Ela acha as meninas do colégio umas caipiras mas nem percebe o quanto está sendo superficial, alías, percebe quando o mais gato da escola ( que usa saia jeans e blusa xadrez) a chama atenção chamando ela de um monte de coisa. Ela fica furiosa e promete se vingar daquele caipira idiota. Acontece que ela vai percebendo com o tempo que o caipira nem era tão idiota assim e que a vida no campo pode ser uma maravilha, basta apreciar as coisas simples da vida, até então ela só reparava em vitrines de loja. Quando ela vai passar as férias em New York City fica muito feliz de ver as amigas , ela não via a hora de respirar aquela fumaça toda da poluição, de ouvir carro buzinando, essas coisas de cidade grande. E daí ela percebe que mudou, que cresceu e que sua vida de antes era uma futilidade. O final é feliz: ela esquece de vez aquele garoto da cidade e escolhe o da fazenda.
Eu me lembro muito bem quando li esse livro na sétima série. Eu vibrava com cada passo da personagem sonhando que aparecesse na minha vida um príncipe que parecia existir só naquele livro. Eu cresci no interior, minha amiga tém um sítio muito grande com direito a cavalos, galinhas, patos, pavão etc, até um trator tem. Tudo que a gente sonhava era viver uma grande aventura na capital, óbvio, porque achávamos aquela cidade uma roça. Tudo era sem graça.
Hoje morando no Rio eu sinto muita saudade daquele tempo em que a gente reclamava da vida colhendo tangerina ou uva direto do pé. De vez em quando fazíamos reuniões emergencias onde os bois ficavam. Esqueci o nome daquele lugar. Daí fazíamos carinhos nas vacas e nos juntávamos em cima daquela palha toda para jogar conversa fora. Não era nada sem graça fazer acampamentos no quintal da minha casa ( como minha mãe deixava), passear em cachoeiras, andar nas ruas como se fossem o quinta da nossa casa. Não era sem graça mesmo!