- Sabe, vou escrever um e-mail para ele.
Ela gritavam na mesma hora:
- NÃÃÃÃO faça isso! Você quer estragar de vez essa história?
Parecia que sim, porque teimosa eu escrevia páginas e páginas de word colocando em pauta todo meu conflito existencial em relação àquela situação. Óbvio que sempre acabei ficando com o papel de maluca por isso.
Com meu primeiro namorado foi assim. Aos 16 anos peguei uma caixa dourada e coloquei dentro páginas dos meus diários, cartas nunca enviadas, bilhetes, pensamentos em guardanapo que escrevia enquanto ele ia ao banheiro, tudo tudo tudo que eu sentia e achava dele. Amarrei uma fita na caixa e presentei meu ex que estava então com 19 anos. Eu não sei o que ele achou e eu também não sei o que eu achava na época. Seguir a vontade era lema aos 16 anos e foi isso que fiz quando fiz a tal caixa. Ele ficou verde e mudo, ele não soube lidar com aquela presença tão exacerbada de mim dentro daquela caixa dourada. Ele até hoje diz que tenho as ideias trocadas e rimos. Não sei na verdade se rio ou finjo que estou rindo, mas o fato é que ele se tornou um grande grande amigo. Essa coisa de escrever pode dá certo ou não. O dilema sempre vai estar presente.