Fui ao ambulatório da PUC.
Motivo? Desde que cheguei de Minas meu coração está batendo mais forte. Eu juro! Não conseguia dormir porque só ouvia o ritmo acelerado do tum tum tum tum. Não aguentando mais a situação fui ao ambulatório. O médico foi claro: É palpitação. Ele perguntou se terminei com namorado, se briguei com alguém, se estou nervosa, se estou sofrendo alguma pressão e etc. Nada disso Doutor, só sou neurótica desde que nasci. As palpitações é que resolveram aparecer só agora.
Meu coração está batendo 96 por minuto. O normal vai até 100, disse o Doutor com a maior tranquilidade do mundo. O coração dele parecia muito estável, só a barriga enorme que explodia a camisa branca quase arrebentando o botão.
-Como assim? Então mais quatro pontos?
- Mas é normal Camila, é normal.
-Fala sério Doutor, qual é o mais normal de todos?
- Uma pessoa não sedentária ( ou seja, saudável) vai entre 70 e 85...
- Putzzz - meu coração disparou mais ainda.
Ele me deu um remédio que fingi tomar. Guardei o comprimido na minha mão e fui embora com meu coração saltitante. Foi só um receio, sei lá, o prazer e o medo de esconder aquele remédio na minha mão que estava suando. Mas depois de atravessar a rua o coloquei na boca e engoli.

Meia hora depois

A sensação era de... não sei nem explicar.
Eu estava Zen. Olhava para a parede e pensava, nossa, como é bom olhar para a parede. Me arrastei pela casa numa alegria diferente e calma.
Me encostei na mesa e fiquei focada no momento único de estar apenas focada na mesa. Meu mundo era eu e a mesa. Ah, e uma leve brisa que passava pelo meu rosto.
Não passaram muitos pensamentos, nada passou pela minha cabeça, até que achei a cama e deitei. Dormi e meu corpo, juro, afundou e atravessou o colchão, senti a gravidade da terra me puxando.
Eu ainda não descobri o nome do tal comprimido rosa, mas ainda vou descobrir.